Comunidades Geraizeiras de Vale das Cancelas e de Riacho dos Machados, no norte de MG, resistem à mineração
Camponeses das Comunidades Geraizeiras de Vale das Cancelas, no norte de Minas Gerais, se reuniram para organizar o processo de resistência à implantação da mineradora SAM na região. A mineradora já está com um processo de licenciamento no Governo de Minas Gerais e ameaça o território tradicional de Vale das Cancelas e as famílias camponesas que vivem no local há séculos.
“MINERAÇÃO AQUI no NORTE DE MINAS GERAIS NÃO!”
No dia 30 de janeiro de 2019, as Comunidades Tradicionais Geraizeiras se reuniram na Comunidade de Lamarão para refletirem e se organizarem contra a implantação da Mineradora SAM na região.
A reunião contou a presença do Frei Pedro e agentes de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que fazem parte da Rede Igreja e Mineração, rede latinoamericana, para ajudar na discussão das ameaças que as comunidades enfrentam, entre as quais, a ameaça da Mineradora SAM que está com processo de licenciamento no Governo de Minas Gerais para se instalar na região.
As Comunidades Geraizeiras repudiam esse modelo de desenvolvimento predatório e altamente degradador. No norte de Minas Gerais, a Região de Vale das Cancelas, desde a década de 1970, vem sendo impactada pela monocultura de eucaliptos e por escândalos históricos de grilagem de terras. Pesquisa de doutorado na USP atesta que a maioria dos títulos de propriedade no norte de Minas são fraudulentos.
As famílias camponesas exigem a garantia de poder continuar a reprodução de seu modo de vida tradicional, pois são os guardiões das águas e da preservação do cerrado.
Sexta-feira, dia 8 de fevereiro de 2019, organizações e movimentos sociais, eclesiais, sindicais, mandatos de deputadas estaduais e deputados federais, mandato de vereador de Montes Claros e Centro de Referência de Direitos Humanos foram até o município de Riacho dos Machados, no norte de Minas Gerais, para visitar famílias que sofrem com a exploração de minérios na região. Durante a visita, o grupo ouviu moradores das comunidades geraizeiras de Piranga e de Ouro Fino, que relataram violações de direitos por parte da empresa de mineração que atua no local extraindo ouro. Os camponeses e as camponesas contam que logo depois da atuação da mineradora em mina antes explorada pela mineradora Vale que já alterou o nome diversas vezes, as condições de vida foram afetadas de forma muito negativa. As famílias são impactadas pelo mal cheiro, adoecimentos provavelmente causados pela contaminação da água por arsênio e outros metais pesados como alumínio e ferro, poeira causada pela circulação de caminhões da mineradora e também pelas implosões na mina. A poeira atinge diretamente a Comunidade Piranga que está a quase 1 quilômetro de distância da cratera da mineradora. As pessoas sofrem com a falta de empregos e oportunidades, como também com o surgimento de problemas emocionais. Muitos questionamentos são feitos em torno desse processo minerário principalmente em relação à água. Em uma região semiárida – norte de MG -, onde as pessoas já sofrem com a escassez de água, com a exploração de minérios agrava muito a escassez d’água. A visita despertou grande preocupação nas organizações presentes, dado o contexto de falta de fiscalização desses grandes empreendimentos, que causam fortes impactos ambientais e sociais. Outro fator preocupante é a possibilidade de que crimes ambientais como os ocorridos em Mariana e Brumadinho, MG, se repita em outras regiões. Esse Encontro de várias lideranças de várias organizações com Comunidades Tradicionais Geraizeiras serviu para animar a organização e o processo de resistência. Assim como Davi venceu Golias, venceremos esses projetos de morte. Mineração, em grande escala, é projeto satânico, diabólico e idolátrico, pois sacrifica no altar do deus mercado/capital milhares de seres humanos, a mãe terra, a irmã água, os animais, os biomas e todos os seres vivos. O Deus de Jesus Cristo não é neutro, tem lado: o lado dos injustiçados.
É compromisso de todas as pessoas e organizações que participaram dessa Missão garantir a proteção das pessoas, da fauna, da flora e da agrobiodiversidade.
Chega de projeto de morte no Norte! Basta de mineração devastadora! “MINERAÇÃO AQUI no NORTE DE MINAS GERAIS NÃO!”, todos gritam.
Organizações
participantes da visita e reuniões em Riacho dos Machados:
Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR Riacho dos Machados).
Ecos do Gurutuba
Movimento pela Soberania na Mineração (MAM)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)
Centro de Agricultura Alternativa (CAA)
Cáritas Regional MG e Cáritas Diocesana
Centro de Referência em Direitos Humanos de Montes Claros
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Mandatos dos deputados federais Padre João, Patrus Ananiais e Rogério Correia
Deputada estadual Leninha (PT/MG).
Montes Claros, 13 de fevereiro de 2019