Ocupação Professor Fábio Alves: Setecentas famílias dão VIDA a terreno abandonado na luta pelo direito à moradia. Despejo, não! Vídeo 2 – 13/1/2019.
Um terreno abandonado há décadas, sem qualquer função social, no bairro Marilândia, em Belo Horizonte/MG, próximo à divisa de Belo Horizonte com Ibirité, preocupava e colocava em risco os moradores ao redor. Um matagal servia de depósito de entulhos, lixos de toda espécie, descarte até mesmo de corpos, esconderijo da criminalidade, além de abrigar os mais diversos animais peçonhentos. Em março de 2018, algumas famílias, que já não suportavam mais o peso cruel da cruz do aluguel ou a humilhação de morar de favor, tiveram como única alternativa a ocupação. Dedicaram-se à limpeza do terreno e lá instalaram barracas de lona, fazendo delas os seus lares, o seu abrigo, a sua moradia. Aos poucos, a Ocupação foi crescendo e hoje são 712 as famílias cadastradas participando da Ocupação. Num trabalho coletivo, num ambiente de harmonia, trabalhadoras e trabalhadores de baixa renda, apesar das dificuldades, da falta de estrutura, foram e continuam se organizando em comunidade, na luta por uma moradia digna. Na Ocupação Professor Fábio Alves, a dureza da luta é enternecida pelo riso das crianças com suas brincadeiras – e são centenas de crianças -, pelo sorriso iluminado das gestantes que se sentem confiantes porque poderão oferecer aos filhos um lar seguro, livre da opressão da especulação imobiliária, livre das humilhações. Essa dureza da luta é enternecida também pela serenidade dos muitos idosos que ali colocam a esperança de uma velhice com dignidade e paz e se mistura ainda aos sonhos dos jovens, dos pais, de mulheres e homens que, enfrentando todas as adversidades impostas pelo sistema do capital e dos capitalistas que explora e exclui, seguem firmes na luta e resistência em busca dos seus direitos garantidos pela Constituição Federal do Brasil.
A Ocupação Professor Fábio Alves se fortalece, se consolida. Hoje, já são dezenas de casas de alvenaria, outras em construção, e o ritmo ali é acelerado de trabalho, de construção de uma verdadeira Comunidade. Entretanto, tudo isso está ameaçado. Recentemente, no dia 17 de janeiro/2019, a juíza Lílian Bastos de Paula, da 22ª Vara Cível de Belo Horizonte, expediu Liminar de Reintegração de Posse, determinando o prazo de 30 dias para o despejo. É uma decisão injusta, desumana, que fere o principio da dignidade humana. As setecentas famílias da Ocupação Professor Fábio Alves, o Movimento Luta Popular (LP), que acompanha a Ocupação, a CPT-MG (Comissão Pastoral da Terra) e toda a Rede de Apoio não aceitam essa decisão sem que se esgotem todas as possibilidades de negociação e sem apresentar uma alternativa prévia de moradia digna. É covardia despejar 700 famílias, como se fossem objetos descartáveis. Para onde vão? Como vão viver? E todo o investimento que fizeram nas construções? Mais que tijolos e telhas, mais que lonas e madeirites, ali existem vidas, existem sonhos e direitos de gente que buscou solução para um gravíssimo problema que o Poder Público não consegue resolver, que é a falta de moradia. Um terreno abandonado ganha vida de vidas que ali se fortalecem. Toda reintegração de posse é uma desintegração de sonhos. RESPEITO, SIM. NEGOCIAÇÃO, SIM. DESPEJO, NÃO!
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira. Belo Horizonte/MG, 13/1/2019.
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