A LUTA EM DEFESA DA IRMÃ ÁGUA E A XXI ROMARIA DAS ÁGUAS E DA TERRA DE MINAS: um pouco do 1º Encontro da Cartilha da XXI Romaria.

A LUTA EM DEFESA DA IRMÃ ÁGUA E A XXI ROMARIA DAS ÁGUAS E DA TERRA DE MINAS: um pouco do 1º Encontro da Cartilha da XXI Romaria.

Envio dos/as Missionários/as da XXI Romaria das Águas e da Terra de MG, dia 09/9/2018. Foto: Sandro.

 

A Palavra de Deus é como chuva que cai na terra e que não volta para o céu sem tê-la fecundado, sem ter produzido efeito nas pessoas para as quais ela foi dirigida (Isaías 55,10-11). Uma caminhada autêntica deve ser feita com total confiança e dedicação, pois, a Irmã Água é Dom de Deus, que não pode ser privatizada por um grupo de pessoas e empresas. Queremos também ter acesso a este Dom. Sem Água não podemos viver!

Irmãs e irmãos, ao refletirmos sobre a Irmã Água, temos consciência de que, sem o verdadeiro cuidado com a Mãe Terra, em vão será nossa luta. Temos que estar unidos, pois a luta será grande e a mudança só acontecerá com engajamento coletivo e verdadeiras atitudes proféticas. Se permanecermos unidos, nada poderá nos desanimar. Nosso desejo é lutar pela defesa do interesse de todos. Sabemos que o sistema capitalista, presente em nossa região e no Brasil inteiro, é uma máquina de moer vidas. Existem pessoas que, sintonizadas com o sistema capitalista, visam uma produção cada vez mais mecanizada, matando as nascentes, secando as grotas, os córregos, as lagoas e nossos rios. A Irmã Água está clamando para ser preservada! Essa é nossa luta! Irmãs e Irmãos, sejamos fortes nessa batalha em defesa da Irmã Água.

A PALAVRA DE DEUS A PARTIR DA REALIDADE

         A região centro-oeste de Minas Gerais, Diocese de Luz, com 33 municípios, está sendo violentada pela multiplicação inconsequente dos agentes da agroindústria, do agronegócio e do hidronegócio. Apesar das boas práticas e uso sustentável da terra, da água e outros bens naturais realizados de maneira consciente por algumas entidades e pessoas nestes municípios, predominam graves problemas visíveis e muito mais ainda invisíveis que afetam direta e indiretamente a vida de todos, na nossa região.

Antigamente, esperava-se que a chuva chegasse, para plantar. Tinha um tempo e uma duração previsível naturalmente. Tínhamos menos pessoas para alimentar e muitas áreas a serem incorporadas ao sistema produtivo. Praticava-se uma agricultura e pecuária extensiva. Ou seja, para aumentar a produção, aumentava se as áreas produtivas. O cerrado era ignorado como região boa para produção agrícola e pecuária. A preferência era pela Mata Atlântica. A diocese está numa área de transição de cerrado e mata atlântica

Depois, com os avanços das pesquisas, os capitalistas descobriram a riqueza e possibilidades de produção no cerrado. Com isso, houve acentuada devastação do cerrado de forma que os empresários do agronegócio além de utilizar essas e outras áreas de mata atlântica para produzir, passaram a plantar várias vezes por ano suas lavouras e também fazer uso desordenado da água, com as práticas da irrigação perdulária, captando água das lagoas, dos córregos, dos rios e do lençol freático via poços artesianos. Só que a captação desordenada além de baixar o nível da água subterrânea em função da redução das chuvas, beneficia apenas alguns proprietários, empresários, deixando consequentemente, milhares de famílias camponesas em dificuldades. Assim, a miséria está se alastrando no campo e na cidade no centro-oeste de Minas.

Existem pessoas sérias, órgãos, entidades e lideranças comprometidas, que atuam para preservar e reverter a realidade das áreas degradadas. Mas, muito se fala, muito papel, pouca ação. Até mesmo no poder público estatal e alguns órgãos ambientais existem protagonistas dessa devastação socioambiental. Não fiscalizam e concedem licenças ambientais que na prática são usadas para se captar muito mais água do que o permitido legalmente.

Com urgência precisamos crescer em amor, encantamento e respeito para com a mãe terra, a irmã água, o bioma cerrado, todos os seres vivos juntamente com os povos, pois se não frearmos a avalanche de devastação socioambiental, estaremos em breve dentro de guerra pela água. Á irmã água é o sangue da mãe terra. Somos filhos do Deus da Vida, mas também somos filhos e filhas da mãe terra e da água. Temos o dever de construir um mundo menos difícil para as crianças, as próximas gerações e todos os animais e seres vivos.  Por isso, gritamos “Das nascentes do Rio São Francisco às Terras da Justiça!” cuidando da mãe terra e da irmã água. Sejam todos/as bem-vindos/as à XXI Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, na Diocese de Luz, na cidade de Lagoa da Prata, região centro-oeste de Minas, dia 16 de setembro agora (2018), das 8 às 14 horas, saindo da Igreja de São Francisco.

Pela Equipe de organização, frei Gilvander, da CPT.

Terra e Água são sagradas/Frei Gilvander/2ª Pré-Romaria da XXI Romaria/Águas/Terra/MG.05/8/2018.