“A luta pela terra é um direito sagrado”, proclamava o Padre Geraldo Lima da CPT/RJ.
“Pessoa feliz! Com escolha e a caminhada realizada. Vocês revelaram para mim como a celebração da morte e ressurreição de Jesus é fonte de Alegria, Paz e Libertação. Por tudo isso, obrigado Senhor”, agradeceu, em 2014, Padre Geraldo Lima, quando acabara de completar 50 anos de vida sacerdotal. No último sábado, 07 de julho de 2018, com 80 anos de vida, o nosso companheiro de lutas e missão fez sua Páscoa.
Há quatro anos, quando Geraldo escreveu essa mensagem em uma rede social, certamente estava grato por ter atuado e vivido junto aos povos da América Latina, da Amazônia brasileira, e da região Sudeste do Brasil, especificamente no Rio de Janeiro. Neste estado, ele apoiou e esteve junto às primeiras famílias que buscavam um pedaço de chão, e assim permaneceu firme na luta até os dias de hoje. Com estudantes e movimentos populares, lutou lado a lado em ocupações, assim como com os irmãos e as irmãs camponeses, indígenas e quilombolas.
Na Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Rio de Janeiro, sua presença sempre foi de um companheiro fiel e fraterno, de intensa espiritualidade, que sempre alertava para o compromisso com os mais sofridos e que, mesmo diante dos desafios, a CPT precisa continuar sendo um sinal de vida e esperança. Padre Geraldo se fez profeta da Baixada no ventre dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Ele se constituiu enquanto CPT por entender que a luta pela terra é um direito sagrado. Para a CPT em Nova Iguaçu (RJ), Padre Geraldo foi um provocador da Igreja para que ela seja de fato uma referência de um Deus que se revela como amigo, irmão, pai e mãe, um Deus das bem-aventuranças.
“Sentiremos sua falta Padre Geraldo. Sentiremos falta do amanhecer em nossas ocupações, quando você, querido companheiro, nos fortalecia com sua mística matinal”, destacou, em Nota de Pesar, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Fortes palavras que traduzem uma vida dedicada ao povo. Não diferente de outras localidades pelas quais o religioso passou, o Rio de Janeiro é marcado por conflitos violentos, seja no campo ou na cidade. E em realidades como essas, de situações extremas de violências e violações de direitos, a fé, o profetismo e o ombro sempre amigo de Geraldo sanaram e evitaram muitas dores.
A cerca de duas semanas, no dia 29 de junho, Padre Geraldo completou 54 anos de vida sacerdotal. Entrou para o Seminário Diocesano de Petrópolis no dia 22 de março de 1949, e foi ordenado por Dom Cintra em 29 de junho de 1964. Em 2014, na véspera de seus 50 anos de vida religiosa, Geraldo manifestou, em carta, que iniciaria um ano sabático. Nesse período, visitaria e celebraria nas paróquias e comunidades que trabalhou ao longo dessas cinco décadas, como a Prelazia de Altamira (PA), a Diocese de São Gabriel da Cachoeira (RO) e San Carlos, na Nicarágua. “Quero passar um mês por estes lugares, celebrando e vivendo com a igreja o ministério da evangelização, morte e ressurreição do Senhor”, disse ele à época.
Amigo Geraldo, obrigado por ter combatido o bom combate, por ter guardado a fé e ter sido uma testemunha viva da presença de Jesus nesse mundo.
Padre Geraldo Lima Vive!
Goiânia, 09 de julho de 2018.
Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra
Fonte: site da CPT nacional, link https://cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/cpt/4410-nota-de-pesar-a-luta-pela-terra-e-um-direito-sagrado-proclamava-o-padre-geraldo-lima
Obs.: os dois vídeos, abaixo, ilustram quem foi (e continuará sendo) o padre Geraldo Lima, da CPT/RJ, das CEBs e tantas outras causas justas.
1 – Depoimento do Padre Geraldo Lima – Parte 1 de 2
2 – Depoimento do Padre Geraldo Lima – Parte 2 de 2