Acampados do MST bloqueiam rodovia em protesto na luta pela terra no Norte de Minas Gerais.
Nós do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra comunicamos a todo Povo mineiro, populações tradicionais, categorias de trabalhadores do campo e da cidade, mulheres, jovens e desempregados, a mazela que vivemos na reforma agrária, na política agrícola e na regularização dos territórios tradicionais. Primeiro reafirmamos que o golpe Parlamentar/Jurídico/Midiático no Brasil colocou nosso país ainda mais subserviente ao agronegócio e aos ruralistas, que dão sustentação a todas as manobras do ilegítimo Michel Temer. O golpe desestabilizou a fraca democracia, criou-se um Estado de exceção e de ameaça, principalmente aos empobrecidos e aos que lutam por justiça. O Poder Judiciário rasga a Constituição Federal no que se refere à reforma agrária e a função social da terra no Brasil. A Vara Agrária de Minas Gerais e as Justiças locais apenas defendem os latifundiários com suas frequentes reintegrações de posse em áreas de Ocupações de latifúndios que não cumprem a função social. Elas concedem liminares para grileiros de terras, fazendeiros que ocupam ilegalmente as terras da União e do Estado de Minas, as mesmas empresas que cometem crimes ambientais. Ainda, teimam em atuar em casos de competência da Justiça Federal.
Nos últimos tempos presenciamos aqui nos Gerais um Governo Estadual que perpetua o poder das empresas que destroem o Cerrado, suas Águas, seus Povos. Empresas que grilaram e continuam grilando as terras devolutas e públicas. Presenciamos nestes três anos de governo Pimentel nenhuma fazenda grilada em terra pública sendo posta nas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras. A SEDA (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário) está à serviço das empresas – acumula promessas para os trabalhadores e posiciona-se a serviço do latifúndio e das empresas nos conflitos de terras.
O Norte de Minas hegemonicamente tem elegido os governos petistas acreditando em possíveis políticas sociais, no entanto, não vemos nenhuma sinalização deste governo em defesa do povo. Nenhum assentamento criado, falta de acesso a água e energia e outras infra-estruturas, famílias despejadas e nenhuma política agrária que realmente dê esperança aos camponeses. Denunciamos mais uma vez a articulação da Polícia Militar de MG com os fazendeiros para realização de reintegrações de posse ilegítimas e ilegais, sem nenhuma margem para o diálogo, além de ameaças e desrespeitos às famílias que participam dos movimentos.
Não permitiremos! Vamos resistir de todas as formas contra o cumprimento dos despejos de um judiciário golpista corrupto e com posicionamento ruralista. Por isso nós 300 acampados do Alvimar Ribeiro dos Santos, da Arapuim, Primavera/Cachoeira e Garrote, trancamos a MG que liga Montes Claros a Janaúba sem previsão de liberação. Serão apreendidos veículos do Estado de MG, e de empresas corruptas do país para que sejamos ouvidos.
Reforma Agrária na lei ou na marra!!
Sem terra em ação!!! Com pedra foice e facão!
Francisco Sá, Minas Gerais, 06 de março de 2018
Assinam essa Nota Pública:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/ Norte de MG)
Comissão Pastoral da Terra (CPT/ Norte de MG)