Acampamento Esperança, do MST, em Periquito, MG, sob iminência de despejo. Injustiça!
Nota Pública.
O Acampamento Esperança, o MST, fruto de ocupação no dia 26 de setembro de 2016, com mais de 200 famílias, localizado no município de Periquito, no Vale do ex-Rio Doce – rio matado pelas Mineradoras Samarco, Vale e BHP e pelo Estado – MG, atualmente, resiste com 150 famílias de camponeses Sem Terra que estão sob infernal pressão de despejo o dia todo. Sofrendo, a todo o instante, ameaças pelo comandante da operação do 14º Batalhão da Polícia Militar de Ipatinga, rondando constantemente o Acampamento com inúmeras viaturas e policiais militares armados. Isso é terrorismo psicológico, com o objetivo de tentar fazer com que parte das famílias acampadas saia por medo antes da PM chegar para despejar. O comandante da PM disse que hoje, dia 21 de março de 2018, quarta-feira, às 16 horas, iria sitiar o Acampamento Esperança e que não iria deixar mais ninguém entrar. Só poderia sair. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informa às autoridades e às forças vivas da sociedade que a atual proprietária da terra está disposta a negociação e a vender a terra. Por que o Governo de MG não compra a terra para assentar as famílias? Entretanto, a polícia militar de MG está fustigando as 150 famílias Sem Terra atendendo, assim, aos interesses da empresa APERAM (empresa siderúrgica que explora o aço na região e tenta intimidar as famílias do local), causando traumas nas famílias acampadas, entre as quais, várias crianças, mulheres grávidas, deficientes e idosos. Cadê o respeito à dignidade humana, assegurado na Constituição Federal? Cadê o respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente e ao Estatuto do Idoso? Foi marcada uma reunião para amanhã dia 22 de março de 2018, às 14 horas, para tentativa de negociação na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, MG. Portanto, não tem cabimento a polícia militar ficar rondando o Acampamento Esperança e fazendo terrorismo psicológico.
Alertamos que se acontecer qualquer coisa com as famílias camponesas Sem Terra acampadas será de total responsabilidade do Governo do estado de Minas Gerais. O governador de MG, Fernando Pimentel, se comprometeu em assentar 400 famílias Sem Terra e até o momento nada. Em sintonia com o papa Francisco, que exige “nenhuma família camponesa fique sem terra”, e ciente de que injustiça social, agrária e ambiental jamais se supera com repressão, exigimos, em nome da dignidade humana e do direito social à terra, que se suspenda a reintegração de posse até que se consiga reassentar previamente as famílias acampadas em terra melhor ou pelo menos igual e próxima de onde estão as famílias acampadas. As famílias Sem Terra do Acampamento Esperança nos disseram que, por não ter para onde ir, irão RESISTIR, caso a PM de MG chegue para tentar despejar na marra.
Negociação, pedimos! Despejo forçado jamais, pois despejo é sempre violação de direito humano fundamental.
Governador Valadares, MG, 21 de março de 2018
Assina essa nota,
Comissão Pastoral da Terra – CPT do Vale do ex-rio Doce.