ACAMPAMENTO OLHOS D’ÁGUA EM JOAÍMA NO VALE DO JEQUITINHONHA, MG, SOFRE ATENTADO: por um tris não foi massacre

ACAMPAMENTO OLHOS D’ÁGUA EM JOAÍMA NO VALE DO JEQUITINHONHA, MG, SOFRE ATENTADO: por um tris não foi massacre

Barraco e automóvel de uma família incendiado e destruído no Acampamento Olhos D’Água em Joaíma, no Vale do Jequitinhonha, MG, na madrugada de 15/4/2021. Foto: Divulgação / MST

Na noite do dia 14 para o dia 14 de abril de 2021, pistoleiros fizeram diversos disparos de armas de fogo contra uma família do Acampamento Olhos D’Água no município de Joaíma no vale do Jequitinhonha, MG, e ateou fogo na casa da família. O fogo destruiu tudo que a família possuía, inclusive, documentos pessoais, deixando a família apenas com a roupa do corpo. Apavorada com o tiroteio, a família fugiu aproveitando a escuridão da noite e passaram a noite na mata. Uma das vítimas relatou de forma desesperada a situação de violência vivida. “Eu vi e ouvi muitos tiros, puseram fogo na minha casa, estou sem nada. Perdi documento, perdi minhas coisas. Só estou eu e meus filhos vivos. Me ajudem! Meus filhos amanheceram o dia na mata”.  Segundo a coordenação regional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no baixo Jequitinhonha, há muito tempo o acampamento vem enfrentando um conflito ambiental. Pessoas infiltradas na comunidade, possivelmente, a serviço de madeiros, vêm cometendo diversos crimes ambientais e com frequência ameaçam as famílias sem terra que buscam preservar a mata nativa. Lideranças do MST regional afirmam que já foram feitas diversas denúncias na Polícia Ambiental do município de Jequitinhonha, mas as autoridades não agiram no sentido de apurar as denúncias. A Polícia Ambiental sempre nega o registro de boletins de ocorrência alegando que iriam ao local efetuar o flagrante e só depois iriam registrar o boletim de ocorrência, o que facilitou o ocorrido na noite do dia 14 para 15/04/2021. A área é utilizada por madeireiros para extração ilegal de madeira. Por esse motivo as famílias que são defensoras da floresta estão sofrendo tentativa de assassinato.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) se solidariza com as vítimas e com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, bem como repudia com veemência a ação criminosa e vem exigir das autoridades competentes a investigação, o julgamento e a punição exemplar dos responsáveis pelo atentado, pela tentativa de assassinato e pelos crimes ambientais cometidos.

Assina esta nota:

Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Belo Horizonte, 15 de abril de 2021.

Cf. também:

https://www.brasildefatomg.com.br/2021/04/15/acampamento-sem-terra-e-atacado-no-vale-do-jequitinhonha-mg#.YHhrTUxOCto.whatsapp