Aldeia Naô Xohã ocupa linha férrea em protesto contra a mineradora Vale S/A entre Brumadinho e São Joaquim de Bicas, MG
Indígenas Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, da aldeia Naô Xohã, atingidos pelo rompimento de barragem da mineradora Vale S/A, em Brumadinho, MG, em 2019, fecharam a linha do trem Fecho do Funil e da rodovia RFFSA, na divisa entre os municípios de Brumadinho e São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, MG.
O objetivo do ato é dar visibilidade e repudiar os três anos do rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho, crime e tragédia continuada que sepultou vivos 272 pessoas – a maior chacina da história do Brasil – sem reparação integral e justa. Estão presentes na manifestação toda a comunidade, incluindo mulheres grávidas, crianças e idosos, em tempo de grave onda da covid-19, mas tendo que se expor para lutar por direitos.
Nós reivindicamos:
- que a Vale S/A promova o imediato reassentamento dos indígenas em novo território, sem contaminação;
- que a Vale S/A garanta tendas e barracas de camping suficientes para abrigar toda a comunidade indígena provisoriamente até que a mineradora finalize a construção de casas tradicionais suficientes para abrigar todas as famílias da comunidade;
- que a Vale S/A pague um salário-mínimo para cada indígena da comunidade, independente de idade, até que o processo de reparação integral seja finalizado;
- que a Vale S/A realize a contratação emergencial do IEDS para que seja iniciado o diagnóstico de saúde de forma emergencial.
Nosso ato pacífico só será encerrado mediante o atendimento, pela Vale S/A, das nossas reinvindicações.
A mineradora Vale negou realocação das famílias.
Naô Xohã precisou ser esvaziada no dia 9 de janeiro último (2022), depois das chuvas intensas que atingiram Minas Gerais e que fizeram as águas do rio Paraopeba, já contaminado por metais pesados, invadir nossas casas e outras estruturas da aldeia.
Depois de serem resgatados da cheia pelo Corpo de Bombeiros e abrigados em uma Escola Municipal de São Joaquim de Bicas, e sem condições de voltar ao território contaminado, a Vale S/A negou a possibilidade de realocar as famílias em local seguro, afirmando que o território não está contaminado e que está em condições dos indígenas voltarem.
No entanto, os relatórios do IGAM (2021) e da SOS Mata Atlântica (2020) confirmam a desconformidade de metais pesados, como Cobre, Manganês e Sulfetos nas águas do rio Paraopeba, de forma que a argumentação da Vale não condiz com os estudos já realizados e coloca em risco a vida de crianças, idosos, guerreiros e guerreiras indígenas.
Hoje, dia 25 de janeiro de 2022, três anos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, exigimos respeito ao nosso povo e reparação integral justa!
#3AnosDeImpunidade
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Comunidade Indígena Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, da aldeia Naô Xohã
Brumadinho, MG, 25 de janeiro de 2022