AS MÃOS. Poesia de Paulo André, da CPT/MG.

AS MÃOS. Poesia de Paulo André, da CPT/MG.

Mãos que afagam bonecas

Mãos que jogam bolas

Mãos que não veem

O olhar que consola.

Mãos que ceifam trigo

Mãos que balançam berço,

Mãos que contam em mistério

O mistério do terço.

Mãos que buscam fim

Mãos que deixam interrogação

Mãos santas e pecadoras

Mãos sem religião.

Mãos que vão para luta

Mãos que vão para guerra

Mãos estouradas de calo

Mãos que buscam terra.

Mãos que convivem

Em pouco espaço

Mãos que fingem

Ao dar o abraço.

Mãos que riscam lousa

Mãos que fascinam

Mãos que não sentem cheiro

Mãos que assassinam.

Mãos que não andam

Mãos que não lavam

Mãos sem o sexto sentido

Que se definham e se calam.

Mãos que correm em vão

Mãos que olham para trás

Mãos que se movem

E buscam paz.

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