Do compromisso de Marielle Franco com os oprimidos, milhares de outras Marielles surgirão na luta

Do compromisso de Marielle Franco com os oprimidos, milhares de outras Marielles surgirão na luta

 

Profundamente comovido e indignado com a execução brutal, por volta das 22h15 do dia 14/3/2018, de Marielle Franco (vereadora do PSOL no Rio de Janeiro) e seu motorista Anderson Pedro Gomes, expressamos nossa solidariedade aos familiares e companheiros de militância de Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes. Como mulher, negra, socióloga, de periferia e vereadora do PSOL, Marielle Franco deixa um legado de luta por direitos humanos e de compromisso com a classe trabalhadora injustiçada, na construção de uma sociedade justa e solidária. Nascida na favela da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle Franco fez nos últimos dias denúncias de mortes de jovens em operações policiais e chefiaria a comissão legislativa que apuraria as ações da intervenção militar federal no estado do Rio de janeiro.

Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes foram martirizados, executados barbaramente. Eram inocentes. Marielle é Mar-elle, ou seja, ela é mar, imensidão de bondade, de espírito de luta, indignada contra toda e qualquer injustiça, uma grande lutadora em prol dos direitos humanos fundamentais. Darão com os burros n’água os que assassinaram Mariela Franco e Anderson Gomes, pois “do sangue de mártires brotarão sementes de libertação”.

“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas não conseguirão deter a primavera” (Che Guevara).Confiamos que “quanto mais escura a noite, mais brilham as estrelas”.

Marielle Franco: Presente, agora e sempre!

Abraço terno na luta. Frei Gilvander Moreira.

Belo Horizonte, MG, 15/3/2018.

Obs.: Publicamos, abaixo: 1) uma Poesia; 2) Nota do PSOL; 3) Nota do Jornal A Verdade; 4)  e lista de vários mártires da luta social nos últimos meses no Brasil.

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  • Poesia “Tributo a Marielle Franco”.

Não… Eles não a mataram. Eles não a matarão.

“Morreu.
Morreu a preta da maré,
a negra fugida da senzala
que foi, sentar com “os dotô” na sala
e falar de igual pra igual com “os homi”.
A negra que burlou a fome de se saber,
que fez crescer dentro dela, o conhecimento.
Aquela, que por um momento de humanidade,
sonhou com a justiça, lutou por liberdade
e ousou ir mais alto,
do que permitia sua cor.
“Mas preta sabida, não pode!
Muito menos pobre! Não tem valor.”
Diziam as más línguas na multidão.
E ela ousou tirar seus pés do chão.
Morreu.
Morreu a “preta sem noção”,
que falava a verdade na cara do patrão,
que carregava a coragem, como bagagem,
no coração.
O tiro foi certo,
acertou com maldade,
ecoando seco no centro da cidade.”

*Anielli Carraro- Poeta de Volta Redonda

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  • Nota do PSOL: Marielle Franco, presente!

O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava.

Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!

Marielle, presente!

Partido Socialismo e Liberdade

14 de março de 2018.

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  • Quem matou Marielle e Anderson

Fonte: http://averdade.org.br/2018/03/quem-matou-marielle-e-anderson

Na noite de ontem (14/03), a vereadora do PSOL Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, foram brutalmente assassinados no centro do Rio de Janeiro. A parlamentar voltava de um debate sobre jovens negras, quando seu carro foi metralhado pelos assassinos, que fugiram em seguida. Marielle e Anderson foram executados.

“Todas as características são de execução. A gente quer isso apurado o mais rápido possível. Não havia qualquer ameaça sobre ela, mas as características do assassinato são características muito evidentes de execução”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL), com quem Marielle trabalhou por mais de dez anos. “Isso é completamente inadmissível. Uma pessoa cheia de vida, cheia de gás, uma pessoa fundamental para o Rio de Janeiro brutalmente assassinada”, lamentou.

Vereadora militante

Marielle era uma das vereadoras mais ativas na defesa dos direitos humanos e na luta contra a violência que atinge os moradores das favelas cariocas. Dias antes, ela havia denunciado que policiais do 41º Batalhão da PM estariam aterrorizando moradores da favela do Acari, na Zona Norte. “Precisamos gritar para que todos saibam o que está acontecendo em Acari nesse momento. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”, disse Marielle no último sábado, em sua página no Facebook.

Pela coragem com que Marielle enfrentava aqueles que acham que “bandido bom é bandido morto” e por sua luta em defesa da paz nas favelas é que ela e Anderson foram mortos. Foram mortos pela crescente criminalização dos movimentos populares. Mortos pelo discurso de ódio que considera todo e qualquer morador de favela um criminoso. Mortos pelos que tentam a todo custo calar a voz dos mais pobres. Mortos pela impunidade herdada da Ditadura Militar. Mortos pelo avanço do fascismo.

Sua execução na noite de ontem é uma agressão direta a todos que lutam pelo fim da violência policial contra a população negra e periférica e por uma sociedade justa e igualitária. Por isso mesmo não podemos nos calar diante desse crime, nem arrefecer a luta pela qual Marielle deu sua vida. Que os responsáveis e mandantes de sua morte sejam identificados e punidos imediatamente!

Quem foi Marielle

Marielle nasceu no Complexo de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio. Era socióloga e foi eleita vereadora na última eleição. Foi coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e também trabalhou em organizações não-governamentais como a Brazil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (CEASM). Atualmente, era presidente da comissão legislativa que apuraria as ações da intervenção militar no Rio de Janeiro.

Marielle deixa um legado de coragem e firmeza na luta pelos direitos do povo pobre, contra a violência policial e por uma sociedade mais justa. Marielle vive!

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  • Lista de 24 mártires dos últimos meses no Brasil

Fernando Horta publicou no facebook e publicamos aqui também a Lista de 24 mártires dos últimos meses no Brasil (Há outros anônimos e outros não catalogados):

  • Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 13/3/2018 – líder comunitário no Pará – assassinado;
  • Márcio Oliveira Matos, 26/01/2018 – líder do MST na Bahia – assassinado;
  • Leandro altenir Ribeiro Ribas, 19/01/2018 – Líder Comunitário no RS – assassinado;
  • Jefferson Marcelo, 04/01/2018, Líder comunitário no RJ – assassinado;
  • Carlos Antonio dos Santos (Carlão), 08/02/2018 – líder movimento agrário Mato Grosso – assassinado;
  • José Raimundo da Mota de Souza Júnior, 13/7/2017 – líder quilombola/MST bahia – assassinado;
  • Eraldo Lima Costa e Silva, 20/06/2017 – líder MST Recife – assassinado;
  • George de Andrade Lima Rodrigues, 23/02/2018 – líder comunitário Recife – assassinado;
  • Luís César Santiago da Silva (“cabeça do povo”), 15/4/2017 – líder sindical Ceará – assassinado;
  • José Bernardo da Silva, 27/4/2016 – líder do MST Pernambuco – Assassinado;
  • Paulo Sérgio Santos, 08/7/2014 – líder quilombola na Bahia – Assassinado;
  • Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), 08/7/2017 – líder comunitário/MST – Assassinato;
  • Jair Cleber dos Santos, 24/9/2017 – líder movimento agrário Pará – Assassinado;
  • Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, 01/9/2015 – líder indígena Mato Grosso – Assassinado;
  • Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (Binho dos palmares), 19/09/2017 – líder quilombola Bahia – Assassinado;
  • Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), 04/6/2017 – líder camponês Rondônia – Assassinado;
  • Almir Silva dos Santos, 08/7/2016 – líder comunitário no Maranhão – assassinado;
  • José Conceição Pereira, 14/4/2016 – Líder comunitário Maranhão – Assassinado;
  • Waldomiro costa Pereira, 20/3/2017 – Líder MST Pará – Assassinado;
  • Valdemir Resplandes, 09/01/2018 – líder MST Pará – Assassinado;
  • Clodoaldo dos Santos, 15/12/2017 – líder sindicalista sindipetro RJ – assassinado;
  • João Natalício Xukuru-Kariri, 19/10/2016 – líder indígena Alagoas – Assassinado;
  • Edmilson Alves da Silva, 16/02/2016 – Líder comunitário alagoas – Assassinado;
  • E, ontem, dia 14/3/2018, às 22h15, foi executada brutalmente a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Pedro Gomes.

“Quantos precisarão ainda morrer?”, perguntou Marielle Franco alguns dias antes de ser assassinada.

MARIELLE FRANCO, Presente sempre em nós na luta!

Marielle Franco não foi apenas assassinada, ela foi semeada no tecido social das classes trabalhadora e camponesa. Você, Marielle Franco, se tornou semente de milhares de outras Marielles que surgirão na luta em prol dos Direitos Humanos, visando construir uma sociedade de paz, como fruto da justiça social, agrária, ambiental e urbana. Não foi em vão sua doação de vida! Perdemos apenas sua presença física. Você partilha vida plena e estará sempre viva em nós, na luta. Obrigado pelo seu testemunho de coragem, de perseverança e de amor ao próximo oprimido.

Abraço terno. Frei Gilvander  Moreira.