JOÃO KANDLER: cidadão do mundo, agroecologista e uma vida inteira dedicada à luta para salvar o Planeta Terra e a Amazônia brasileira
JOAO KANDLER: UM CIDADÃO DO MUNDO, UM AGROECOLOGISTA E UMA VIDA INTEIRA DEDICADA À LUTA PARA SALVAR O PLANETA E A AMAZÕNIA BRASILEIRA.
João Kandler, amigo e companheiro de luta, faleceu e transvivenciou-se para a vida plena no dia 26 de novembro de 2021 e deixou um longo legado de amor ao Brasil, de defesa do meio ambiente, da região Amazônica e do planeta Terra.
Chegou ao Brasil, com sua esposa Chriselda Kandler, em janeiro de 1973. Após três meses no Rio de Janeiro aprendendo o português, foram para o interior do Nordeste e Norte do país, até de firmarem, em 1978, no estado do Acre. Abraçaram as lutas em defesa da Floresta Amazônica e de suas populações indígenas, seringueiras, ribeirinhas…
Depois vieram para Minas Gerais e continuaram apoiando as lutas contra os agrotóxicos nos plantios de rosas. Ccontribuíram na criação do sindicato dos trabalhadores assalariados de Barbacena e Antônio Carlos. Junto com a Comissão Pastoral da Terra – CPT/Campo das Vertentes -, lideranças como João Inocêncio, presidente do Sindicato e outros lutaram na defesa dos direitos trabalhistas e das condições de trabalho e de saúde dos assalariados de transnacionais de rosas e frutas vermelhas. Foram pioneiros em Minas Gerais e nas lutas do campo, em Minas Gerais, nas lutas contra as doenças ocupacionais e os efeitos dramáticos dos agrotóxicos na sua saúde humana e no meio ambiente. Somando com o trabalho da CPT/Zona da Mata, ampliaram esse trabalho por municípios do Campo das Vertentes e para a Zona da Mata mineira. Ao lado disso, criaram grupos e fizeram formação para o uso da homeopatia e das plantas medicinais. No início dos anos de 1990 contribuíram nas lutas pela moradia e por melhoria das condições de vida nos bairros mais pobres de Barbacena.
Em 1993, voltaram com a família, um menino e três filhas para a Áustria. E João Kandler nunca deixou a luta pelo clima e como ativista em defesa do clima e do planeta. Em 2007 escreveu uma carta para a via campesina e a CPT expressando assim suas preocupações com a conjuntura climática do mundo:
“A mudança climática avança rapidamente e está modificando de maneira profunda toda a rede de relações complexas no ecossistema da nossa terra. Apesar de tantos estudos e dados comprovando isso, a maioria (principalmente nos governos) ou ignora a realidade ou realmente não compreende o alcance destas mudanças, que podem levar a uma “revolta” da natureza contra a exploração humana. Essa ignorância é extremamente grave e perigosa, visto que o clima não nos dá uma segunda chance!”
E termina propondo:
“Mas voltando à minha preocupação – considero de muito importância colocar a questão da mudança climática no nosso trabalho, para exigir dos governos que escutem os clamores dos pobres e da natureza e decidam tomar providências sérias para salvar o clima e preservar a VIDA em todas suas formas de existência. Penso que o MST, o MPA, a Via Campesina, a CPT e todos os outros movimentos sociais que representam e trabalham com os mais pobres, os camponeses, os indígenas devem se unir nesta luta e articular seus contatos a nível internacional para conseguir avanços na defesa do clima.”
Nós, da Comissão Pastoral da Terra/Minas Gerais, Sindicato dos Trabalhadores rurais (STR) de Desterro do Melo e do Centro de Estudo, Pesquisa e Intervenção Ribeirão das Neves, com quem a família muito vem contribuindo na luta pelos direitos humanos, nos últimos anos, queremos manifestar nosso profundo respeito e compromisso com a missão e legado deixado por João Kandler, o querido amigo austríaco.
Chriselda Kandler e família, recebam nosso respeito, carinho fraterno e profunda gratidão por tudo que vocês representam para o Brasil e o planeta!