POVO DAS OCUPAÇÕES PINGO-D’ÁGUA E RECANTO VERDE, DE BETIM/MG, OCUPAM PREFEITURA DE BETIM: LUTA POR MORADIA E CONTRA DESPEJO.

Povo das Ocupações Pingo-d’Água e Recanto Verde, de Betim/MG, ocupam prefeitura de Betim: luta por moradia e contra despejo.

Hoje, dia  1º de agosto de 2023, terça -feira, nós da Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água e da Ocupação Recanto Verde de Betim, MG, estamos na Prefeitura de Betim por tempo indeterminado.  As mais de 150 famílias da Ocupação Pingo-d’Água e outras 60 famílias da Ocupação Recanto Verde dizem na luta, de cabeça erguida:

Despejo é injusto. Não aceitamos despejo. O terreno estava abandonado sem cumprir sua função social. Ocupamos por necessidade. Exigimos que a mega construtora MRV e a prefeitura de Betim nos deixem em  paz na nossa Comunidade, que já é um bairro em franco processo de consolidação. O prefeito de Betim, Medioli, ainda não assinou o decreto de desapropriação, necessário para se fazer Regularização Fundiária e Urbanização Social (REURBs), que faz jus à Lei Municipal 7.130/2022, e desapropriará o nosso terreno para fins de moradia social. Projeto de Lei este que foi aprovado na Câmara de Vereadores de Betim e promulgado em 06 de setembro de 2022.

Foto: Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água

Tivemos mais de três mesas de negociação judiciais para resolução do nosso conflito, porém sempre a PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM desdenha da situação e envia pessoas sem poder  de decisão nenhum para negociar a nossa situação, ganhando assim tempo para que a validade  da Lei Municipal 7.130/2022, que é de dois anos, passe e a ocupação volte ao iminente risco de despejo. Estamos cansados de ser feito de bobos pela atual gestão municipal de Betim/MG e por este motivo estaremos na luta manifestando até que haja a solução definitiva da nossa Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água/ Betim-MG.

Não aceitamos outra proposta que não seja a de ficarmos no terreno que é nosso por direito. Da Ocupação Pingo- d’Água e da Ocupação Recanto Verde não saímos nem mortos.

Moradores das Ocupações Pingo-d’Água e Recanto Verde, de Betim, MG, em manifestação na Prefeitura de Betim – 1º/08/2023

Estamos indignados com a decisão do Poder Judiciário dada à mega construtora MRV Empreendimentos S/A, de reintegração de posse (DESPEJO) de mais de 150 famílias, injustiça que clama aos céus. A situação da Ocupação Recanto Verde é parecida: exigimos que a Prefeitura de Betim libere a numeração das nossas casas, que autorize os correios a colocar CEP em nossas ruas, que autorize e exija que a Copasa e a Cemig coloquem rede de água, energia e saneamento e que faça a regularização Fundiária e Urbana Social. Já conquistamos o apoio da Defensoria Pública de MG, do Ministério Público de Minas Gerais, área de Direitos Humanos e de uma ampla Rede de Apoio. Nós que formamos as mais de 150 famílias da Ocupação Pingo-d’Água e as 60 famílias da Ocupação Recanto Verde jamais aceitaremos despejo nem migalhas. Não abriremos mão do direito de continuar morando em nossas casas construídas com muito suor e trabalho. Ocupamos por necessidade e porque o terreno estava abandonado. Exigimos que realizem Regularização Fundiária e Urbanização Social (REURBs) da nossa Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água e da nossa Ocupação Recanto Verde, conforme prescreve a Lei 13.465, de 2017. Nossas Comunidades têm mais de dez anos de existência. Já somos bairros em franco processo de consolidação.

Moradores da Ocupação Recanto Verde em manifestação na Prefeitura de Betim, MG – 1º/08/2023

Mais de 150 famílias ocupam o terreno no bairro Pingo-d’Água, em Betim, MG, há mais de dez anos; terreno que estava completamente abandonado desde 1987 ou seja, há 35 anos sem cumprir sua função social. O terreno estava sendo utilizado para animais peçonhentos e para prática de ações ilícitas. Por necessidade, por não aguentar mais a pesadíssima cruz do aluguel ou a humilhação que é sobreviver de favor nas costas de parentes, nossas famílias começaram a ocupação, já que no local não havia cercamento – nem muro e nem cerca de arame – e muito menos cumpria sua função social, que é uma exigência da Constituição de 1988, na qual está previsto o direito à moradia no nosso ordenamento jurídico. A Resolução 10, do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), de 2018, prevê uma série de diretrizes e medidas preventivas em relação aos conflitos de reintegração de posse. Uma dessas medidas é o dever do Estado e do município de evitar remoções forçadas em relação a populações consideradas vulneráveis. Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário também recomendam que não se deve ter remoções forçadas, sem alternativa digna, adequada, e também a decisão do STF na ADPF 828 proíbe terminantemente despejo sem alternativa prévia digna e adequada.

A Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água, de Betim, MG, lutará sempre para se manter onde está. Atualmente são mais de  130 casas de alvenaria, feitas com muito esforço, trabalho e suor, ao longo de mais de dez anos. Na nossa Comunidade habitam idosos, crianças, homens e mulheres trabalhadores/as. Já constituímos uma verdadeira comunidade instalada, organizada e consolidada com uma vida comunitária colaborativa e feliz.  Reiteramos que somos um bairro em franco processo de consolidação.

Ocupação Pingo-d’Água – Betim, MG

Jamais aceitaremos despejo, pois temos direito a morar dignamente. Preferimos morrer na luta pelo nosso direito à moradia do que morrer aos poucos com despejo e suas consequências. Despejar-nos será uma brutalidade, uma violência sem fim, pois despejo destrói casas, sonhos, histórias e massacra nossas vidas sob todos os aspectos. Estamos abertos a um processo de negociação justo, transparente e ético que encaminhe uma solução justa, o que passa pelo reconhecimento das nossas Comunidades pelo poder Público, para se resolver este gravíssimo conflito social e urbano que nos envolve.

Moradores das Ocupações Pingo-d’Água e Recanto Verde, de Betim, MG, em manifestação na Prefeitura de Betim – 1º/08/2023

Estamos indignados/as com a decisão judicial injusta que manda nos despejar e demolir nossas mais de 130 moradias na Ocupação Pingo-d’Água e 48 moradias na Ocupação Recanto Verde. Consideramos a decisão judicial inconstitucional, injusta e recheada de irregularidades e ilegalidades.

Em seu artigo 6º, a Constituição determina que a moradia é um direito social. O direito à moradia digna e adequada está prevista nos tratados internacionais de direitos humanos que prevê o dever do Estado – município, Estado e União – em garantir esse direito. Vejamos o que diz a Constituição: “A função social, presente na Constituição Federal de 1988, a propriedade urbana cumpre sua função social quando seu uso é compatível com a infraestrutura, equipamentos e serviços públicos disponíveis e simultaneamente colabora para o bem estar da população como um todo é não somente de seu proprietário.”

DESPEJO, NÃO! NEGOCIAÇÃO JUSTA, SIM!

Assinam esta Nota:

Coordenação da Ocupação-Comunidade Pingo-d’Água, de Betim, MG

Coordenação da Ocupação -Comunidade Recanto Verde, de Batim, MG

Assinam como Apoio:

Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Rede de Apoio às Ocupações

Para maiores informações, contato: 31 99441-9681 (Grace)

Betim, MG, 1º de agosto de 2023.

Manifestação dos moradores das Ocupãçoes-Comunidades Pingo-d’Água e Recanto Verde na Prefeitura de Betim, MG – 1º/08/2023
Manifestação dos moradores das Ocupãçoes-Comunidades Pingo-d’Água e Recanto Verde na Prefeitura de Betim, MG – 1º/08/2023