Ocupação/Retomada dos indígenas Pataxó, Puri, Carajás e Pataxó Hãhãhãe em São Joaquim de Bicas, MG, e Campanha de Apoio.
No dia 02 de novembro de 2017, cerca de 20 famílias indígenas, totalizando 106 pessoas, das etnias Pataxó, Puri, Carajás e Pataxó Hãhãhãe, que viviam na cidade de Belo Horizonte, realizaram a ocupação em uma área pertencente às indústrias (antiga MMX/EBX) do empresário Elke Batista, no Município de São Joaquim de Bicas, MG. A área consiste em um total de 700 hectares aproximadamente às margens do Rio Paraopeba. Os indígenas estão ocupando aproximadamente 300 hectares, onde há uma grande área verde de Mata Atlântica e algumas manchas de cerrado. Segundo os indígenas, a biodiversidade é grande no local, com a presença de muitos animais, alguns em perigo de extinção, como o Lobo Guará, o Bugio e a Jaguatirica, entre outros. O restante da área está ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST). O MST está na área desde junho de 2017 e desde então, segundo os relatos, nunca houve qualquer tipo de contestação. A ida dos indígenas para a região se deu a convite do próprio MST. A reivindicação dos indígenas por uma área na região metropolitana de Belo Horizonte já é antiga. Há uma grande presença de famílias indígenas na região metropolitana, vivendo em aglomerados e periferias. Estima-se a presença de 10 mil indígenas em Belo Horizonte e Região Metropolitana, conforme pesquisa feita pelo CEDEFES.
A liderança do Movimento é do Cacique Pataxó Arakuã Pataxó, escolhido pelos indígenas como representante do coletivo.
A área em que os indígenas estão ocupando e reivindicando fica entre o Rio Paraopeba e o final do acesso auxiliar da BR 381 no sentido Brumadinho. Na outra margem do rio já é Município de Mário Campos e Brumadinho. O acesso de ônibus se dá pelo pontilhão Funil, bastante conhecido na região. A ocupação está bem próxima da entrada principal do Museu de arte contemporânea Inhotim. A região onde se encontram os municípios de São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Brumadinho possuem muitas atividades mineradoras, comércio, assentamentos de reforma agrária, comunidades quilombolas e condomínios fechados.
As atividades minerárias na região são as que mais impactam o local, com a poluição e assoreamento do Rio Paraopeba e de nascentes próximas ao local. Há três grandes minerações no entorno da ocupação.
Na ocupação, apenas três famílias recebem o Bolsa Família e três pessoas recebem aposentadoria. Não há nenhuma assistência social por parte do Estado ou do município de São Joaquim de Bicas aos indígenas no local. Por isto, as famílias se revezam no local, sendo que muitos vão e voltam para Belo Horizonte, onde realizam trabalhos formais e informais, serviços gerais, na construção civil, como diaristas, com a venda de artesanato no centro da cidade e apresentações em escolas, divulgação da causa entre outros. Há uma demanda grande de aproximadamente vinte famílias, ou mais que irão se juntar no acampamento, por enquanto aguardam melhorar as condições de resistência, sobre tudo para os velhos e as crianças.
Algumas organizações Não Governamentais estão dando apoio mínimo aos indígenas, o que tem sido insuficiente como o CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva), CPT (Comissão Pastoral da Terra), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Federação dos Povos Indígenas de Belo Horizonte.
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Campanha emergencial entre aliados para a ocupação dos Índios Pataxó em São Joaquim de Bicas.
“Prezados companheiros e companheiras, das instituições parceiras e aliados da causa indígena, Paz e Bem!
Desde o ano passado um grupo de 36 famílias indígenas que tentam sobreviver da venda de artesanatos aqui na grande Belo Horizonte, cansados de enfrentar os grandes desafios rotineiros e a falta de recursos para tal, decidiram ocupar uma área de preservação ambiental no Município São Joaquim de Bicas para fugir do aluguel e também fazer gerar renda no plantio de hortaliças, confecção de artesanatos e criação do seu espaço para prática da religião, difícil exercer no espaço urbano. Neste momento essas famílias tentam resistir neste espaço a qualquer custo, ficam acampadas durante a semana, se revezam e nos finais de semana veem a cidade vender seus artesanatos, as dificuldades enfrentadas pelo grupo no momento são inúmeras, comida, matérias de estrutura para os barracos, colchões, fraldas para as crianças pequenas entre outros. Nós do CIMI temos contribuído com alguns itens os quais tem sido insuficiente. Por esse motivo, os mesmos solicitaram do CIMI que consultasse os parceiros e aliados da causa, na intenção de tentarmos uma coleta coletiva, de alimentos, sobretudo, os mais prioritários: Leite e fralda para as crianças, colchonetes, novos ou usados, e qualquer tipo de alimentos. Para tanto encaminho este para alguns parceiros com os contatos das lideranças e gostaria que cada um que pudesse reencaminhassem em seus contatos, por favor, para que possibilitemos a permanecia dessas famílias em um espaço de terra, para o bem viver desse povo e sua resistência cultural, podemos contar com mais esse apoio de vocês?
Lideranças Indígenas Responsáveis pela ocupação:
Valdeir dos Santos Souza – Cacique, cel. 73 981292056
E-mail: caciquevaldeirpataxo@outlook.com,
Celia Gonçalves Pereira – Vice Cacique: cel. 73 988997028,
CIMI Leste: 31 34811181 – email: cimileste@gmail.com
Abraços fraternos,
Alda Maria Oliveira
Coordenação Regional do CIMI Leste
watzap: 73 991461167- 31 3481 1181”