Polícia Militar faz cerco nos Acampamentos Pátria Livre e Zequinha, do MST, em São Joaquim de Bicas, MG: violações de direitos.

Polícia Militar faz cerco nos Acampamentos Pátria Livre e Zequinha, do MST, em São Joaquim de Bicas, MG: violações de direitos.

Fotos: Divulgação / MST.

Desde a terça-feira, dia 17 de dezembro de 2019, o Acampamento Pátria Livre e o Acampamento Zequinha, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), localizados em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, foram invadidos por viaturas da Polícia Militar, que montaram cerco, intimidando as famílias, com o uso de violência e da tropa de choque.

Na tarde da terça-feira, as famílias de crianças formandas da Escola Elizabeth Teixeira foram coagidas pela polícia, que tentou interrogar os pais no dia da formatura. Não foi apresentado nenhum tipo de mandato judicial para entrar nas áreas e nesse momento a Polícia impede a circulação das pessoas, cerceando a liberdade de ir e vir.

O clima é de terror e as pessoas têm circulado pela área em grupos, com receio de abordagem violenta. Na madrugada de hoje, a polícia violou a portaria do acampamento Pátria Livre para tentar arrancar a bandeira do MST.

A ronda da polícia militar perdurou toda a noite. Ocupantes denunciam assédio a mulheres e comentários degradantes para tentar humilhá-las. Porém, todos/as os/as Sem Terra seguem firmes resistindo, ocupando o território, plantando e trabalhando na terra, como fazem todos os dias.

A Polícia Militar afirma que a ação não tem relação com a vistoria do Juiz da Vara Agrária do TJMG, Walter Zwicker Esbaille Jr., marcada para o dia 21 de janeiro de 2010. A Audiência de Conciliação, no dia 23 de janeiro, no Fórum Lafayette, é a única intimação jurídica que o Acampamento Pátria Livre recebeu.

Desde o dia 26 de julho de 2017, mais de 700 famílias ocupam as terras do empresário corrupto Eike Batista para reivindicar que só a reforma agrária popular é capaz de transformar a vida das famílias trabalhadoras, com a produção de alimentos saudáveis e o combate ao modelo de mineração predatório que não gera recursos financeiros e sociais para os territórios minerados. O MST de Minas Gerais não vai abrir mão da sua decisão de lutar pela democratização da terra e pela soberania brasileira sobre seu território e seus bens naturais. A justiça agrária  se faz com reforma agrária.

As famílias dos dois Acampamentos continuam sob ameaça, violência e assédio na invasão sem motivo da polícia militar de Minas Gerais.

Exigimos que a Polícia Militar de Minas Gerais suspenda o cerco aos Acampamentos Pátria Livre e Zequinha, respeite todos os direitos assegurados ao povo Sem Terra pela Constituição brasileira e garanta o direito que as centenas de famílias tem de celebrar em paz e com dignidade o Natal de Jesus Cristo e a virada do Ano.

Em tempo: Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pelas Regiões episcopais Nossa Senhora do Rosário (Região de Brumadinho) e Nossa Senhora Aparecida, e integrante da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, celebrará missa hoje, dia 18/12/2019, às 20h30, no Acampamento Pátria Livre, em São Joaquim de Bicas, MG.

Assinam esta Nota:

Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG);

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST/MG);

Rede de Apoio aos Acampamentos Pátria Livre e Zequinha.

Obs.: Para mais informações sobre a luta dos Acampamentos Pátria Livre e Zequinha, do MST, em São Joaquim de Bicas, MG, leia no link, abaixo:

https://mst.org.br/2019/12/17/policia-invade-acampamento-patria-livre-e-coage-as-familias-no-dia-da-formatura-escolar/