Fonte: Jornal de fato – Brumadinho – Edição 242 – Maio 2021
População é contra o rodoanel de Belo Horizonte e RMBH
Pesquisa realizada pela Editoria do Jornal de fato conclui que a grande maioria da população de Brumadinho é contra a construção do rodoanel, passando pelo Município. Foram feitas cinco perguntas aos respondentes. Ao ser solicitada a opinião sobre benefícios ou malefícios da construção do rodoanel/rodominério, dos que responderam, 73% consideram que a obra é “ruim/péssima” para Brumadinho e apenas 18% afirmaram que seria “bom”. Outros 9% têm dúvidas. A grande maioria das pessoas que perceberam que a obra do rodoanel é “ruim/péssima” avaliam que não vai melhorar para Brumadinho por uma série de questões, sendo citados, principalmente: destruição do meio ambiente, desassossego, tráfico de drogas e confusão.
Edição 242 – Maio 2021
Comunidades querem suspensão de rodoanel na RMBH
Representantes de movimentos sociais, parlamentares de oposição e profissionais das áreas de engenharia, geologia e arquitetura querem a suspensão do processo de construção do Rodoanel de Belo Horizonte, apresentado pelo Governo de Minas e cujas obras estão previstas para iniciar em 2023. Eles participaram de audiência da ALMG, no dia 4/5. Todos os convidados da reunião apontaram deficiências no plano do governo e denunciaram que o empreendimento vai trazer danos sociais e ambientais aos 13 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, incluído Brumadinho, que serão cortados pela intervenção.
Edição 242 – Maio 2021
Poucas e Boas
“Se querem resolver o problema do transporte, deveriam começar por um transporte público de qualidade, investir também nas linhas férreas já existentes e sucateadas… No mais, penso que cortar o Sinclinal Moeda com um Rodoanel construído às pressas sem os devidos estudos e sem o menor critério é um crime contra a humanidade! Não quero Rodoanel, quero o nosso meio ambiente puro e nossas águas seguras!”
Uma das pessoas que respondeu à pesquisa feita pela Editoria do Jornal de fato acerca do rodoanel que o governo Zema quer construir, passando por Brumadinho
“Primeiramente o rodoanel não terá alça viária para acesso a brumadinho. Desta forma, não contribuirá em nada para com o desenvolvimento do município. Ainda, em sua fase de construção atrairá a prostituição e aumento na demanda das necessidades básicas como saúde e educação. O rodoanel afetará diretamente bens históricos do munícipio, como o forte de brumadinho e calcamentos construídos pelos escravos. Trará grandes impactos ambientais e hídricos, principalmente com a abertura de tuneis no interior do aquífero Cauê, que é responsável direto pelo abastecimento das grandes nascentes na costa oeste da Serra da Moeda, em Brumadinho. Ainda, terá impacto direto no Parque Estadual do Rola Moça. Terá impactos diretos no bairro de Casa Branca.”
Outro respondente à mesma pesquisa sobre o rodoanel
Edição 242 – Maio 2021
Rodominério
Comunidades querem suspensão de rodoanel na RMBH
Em audiência pública, representantes de movimentos sociais apontam deficiências e riscos de projeto do governo estadual.
Representantes de movimentos sociais, parlamentares de oposição e profissionais das áreas de engenharia, geologia e arquitetura querem a suspensão do processo de construção do Rodoanel de Belo Horizonte, apresentado pelo Governo de Minas e cujas obras estão previstas para iniciar em 2023. Eles participaram de audiência da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no dia 4 de maio.
Por unanimidade, todos os convidados da reunião apontaram deficiências no plano do governo e denunciaram que o empreendimento vai trazer danos sociais e ambientais aos 13 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), incluído Brumadinho, que serão cortados pela intervenção.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma) do Ministério Público, Carlos Eduardo Pinto, afirmou que o órgão já recebeu diversas representações contra o projeto. Segundo ele, o MP está atento aos impactos que a obra possa provocar não só no meio ambiente natural, como também cultural, urbanístico e socioeconômico.
A obra está orçada em R$ 4,5 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões serão custeados pela mineradora VALE, como previsto no acordo com o Poder Executivo para compensação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. O governo Zema (NOVO), às vésperas das eleições, quer usar o dinheiro da morte de 273 pessoas para fazer obra eleitoreira. Os recursos faltantes devem ser cobertos por pedágios que serão instalados no anel e cobrados pela futura concessionária. O pedágio ficará em pelo menos R$ 35,00 pra atravessar o rodoanel.
Rodoanel, não: “Rodominério”
O empreendimento foi apelidado de “rodominério” pelos participantes da audiência, por considerarem que vai beneficiar apenas a própria mineradora VALE. “A gente sabe que essa rota do rodoanel é para circular o próprio minério a ser exportado”, afirmou o deputado federal Rogério Correia (PT/MG).
Seu colega de partido, o deputado federal Padre João lembrou que a obra, em seus 100 quilômetros de extensão, prevê acessos apenas a cada cerca de oito quilômetros, dividindo bairros, municípios e inviabilizando o tráfego para os cidadãos.
“Vão usar recurso de um crime ambiental para gerar outro crime ambiental”, protestou a vereadora de Belo Horizonte Duda Salabert (PDT). A obra, de acordo com a vereadora, vai gerar problemas socioambientais incalculáveis para os municípios atingidos. Duda anunciou que já está sendo criada uma rede intermunicipal entre os vereadores da região para defender as nascentes que podem ser atingidas pelo empreendimento.
Risco de desabastecimento e aprofundamento da desigualdade
Integrante do Movimento SOS Vargem das Flores, Adriana Cristina Souza alertou que o projeto vai causar grande devastação de áreas de preservação e pode gerar insegurança hídrica, pois passa por uma área de recarga de nascentes na represa, responsável pelo abastecimento de água da RMBH. A ameaça à represa Vargem das Flores também foi destacada por outros participantes da reunião.
Adriana Souza ainda citou outros locais preservados que serão atingidos pelo anel, como Lajinha, em Ribeirão das Neves (RMBH), que possui grandes mananciais de água, além de ricos exemplares da fauna e flora. Ela advertiu para o risco de destruição de remanescentes de Mata Atlântica e do Cerrado, existentes na área da construção.
Milhares de famílias serão retiradas de suas casas
Também foi unânime entre os participantes da audiência a preocupação com a população que será desalojada pela obra, especialmente os povos tradicionais e os mais pobres.
O representante do grupo Articulação dos Movimentos Sociais de Betim (RMBH), do Movimento Negro Unificado e da Frente Brasil Popular em Betim, José Luiz Rodrigues, disse que de 5 a 6 mil famílias, além de centenas de empresas, agricultores familiares e outras instituições serão removidos das áreas por onde vai passar o rodoanel.
Essa preocupação já é presente entre a população, especialmente moradores em remanescentes de quilombolas, segundo informou a deputada Andréia de Jesus (Psol). Ela sugere que a consulta popular, aberta pelo governo estadual, seja ampliada para as comunidades tradicionais.
Governo de Minas não ouve a população
Na mesma linha, outra reclamação recorrente foi a elaboração do projeto sem a participação das comunidades atingidas. Muitos reclamaram que as poucas audiências públicas foram realizadas em março, durante a onda roxa da pandemia, de forma virtual.
Os representantes dos movimentos sociais denunciaram que essas reuniões não permitiam o debate efetivo. “As articulações foram feitas a toque de caixa para passar um trator”, criticou o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), José Geraldo Martins.
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento que motivou a audiência, também lamentou a falta do debate. Ela lembrou que a descrição do empreendimento é parte de um anexo de um projeto de lei, que trata sobre o acordo com a mineradora VALE. “Nosso objetivo é escutar a população para direcionar nosso trabalho parlamentar”, afirmou.
Já o deputado Duarte Bechir ressaltou os benefícios que acredita que a obra trará para a região. “Vai beneficiar todo o colar metropolitano”, disse, ao considerar que o tráfego na região será melhorado.
Religioso cita os “pecados capitais” da proposta
Frei Gilvander Moreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de Minas Gerais, apontou o que ele chamou de “sete pecados capitais” do projeto. Entre eles, estaria o fato de que o traçado proposto foi feito para beneficiar mineradoras, de forma que, no lugar de cobrir crateras abertas pela extração mineral, cobre reservas ambientais e nascentes de água.
Outro “pecado” seria usar o dinheiro do acordo com a VALE para beneficiar a própria empresa e ainda criar outros problemas ambientais e sociais para Brumadinho e a RMBH.
Esses novos problemas seriam resumidos em dois outros “pecados” listados por Frei Gilvander. Um seria o caráter eleitoreiro da obra, que prevê as remoções de casas só em 2023, ou seja, depois das eleições estaduais. O outro seriam os danos para os recursos hídricos da região, aumentando a crise de desabastecimentos que já assola alguns bairros.
Obra sem licenciamentos
A falta de estudo de impacto ambiental do projeto, que impossibilitaria uma discussão séria com os envolvidos, foi destacada por Henrique Lazarotti, morador de Ibirité (RMBH) e um dos possíveis atingidos pelo rodoanel caso o projeto se concretize. Ele lembrou que o governo estadual pretende fazer uma inversão no processo, colocando a licitação na frente do licenciamento ambiental.
Além disso, Henrique Lazarotti salientou que não há um plano de reassentamento das famílias que perderão suas casas e que a proposta ignora os planos diretores dos 15 municípios envolvidos.
Estudo aponta falhas no projeto
O representante do Fórum Permanente de Defesa do São Francisco, o engenheiro Euler Cruz, apresentou um estudo realizado por um comitê técnico formado por engenheiros, geólogos e consultores com grande experiência no mercado. Foi feita uma análise dos documentos disponibilizados pelo governo sobre o rodoanel.
Esse estudo identificou, segundo ele, que o projeto não tem sustentação técnica, ambiental nem financeira. Os relatórios foram encaminhados ao MP e solicitada a interrupção imediata do processo.
A análise foi feita apenas sobre a alça Sul do empreendimento, considerada a principal do anel, por passar por importantes áreas de preservação ambiental, como a Serra da Moeda e o Parque Rola Moça.
Segundo Euler Cruz, a documentação apresentada pelo governo não responde questões básicas sobre a obra, como os impactos ambientais, sociais ou econômicos. Também não é apresentada qualquer justificativa para realizar uma nova obra, no lugar de melhorar o anel já existente no local.
O engenheiro também estranhou a falta de estudos geológicos sobre os túneis previstos na obra. Ele explicou que eles vão atravessar rochas e aquíferos, mas não há menção nos documentos do governo sobre os impactos.
Falta, ainda, transparência sobre os investimentos, segundo o técnico. Há previsão de se aplicar 28% dos recursos em desapropriações, sem se explicar valor, quantidade ou como serão realizadas. Para a área do meio ambiente, está previsto o direcionamento de 1,2% dos recursos, mas o único item destacado é a plantação de gramas.
Edição 242 – Maio 2021
Pesquisa em Brumadinho mostra que população é contra o rodoanel
Breve pesquisa realizada pela Editoria do Jornal de fato conclui que a grande maioria da população de Brumadinho é contra a construção do rodoanel, passando pelo Município. Foram feitas cinco perguntas aos respondentes.
Oitenta e cinco por cento (85%) das pessoas disseram ter conhecimento da obra passando por Brumadinho, sendo que, desses, pouco mais da metade (51%) disseram saber que a intenção do governo de Minas é passar a obra em território brumadinense. Dos que sabem, (83%) apontam a região de Casa Branca, alguns ampliando para além do Parque do Rola Moça, outros reduzindo.
Ao ser solicitada a opinião sobre benefícios ou malefícios da construção do rodoanel/rodominério, dos que responderam, 73% consideram que a obra é “ruim/péssima” para Brumadinho e apenas 18% afirmaram que seria “bom”. Outros 9% têm dúvidas.
As pessoas que responderam que veem benefício na obra acham, cada uma delas, que vai melhorar para Brumadinho “o acesso”, “trânsito entre Brumadinho e BH”, “aumentar infraestrutura para o transporte de cargas”, acha que “trará desenvolvimento e não ficaremos preso só em renda de minério”. Uma pessoa avaliou que trará “Desenvolvimento”, e outra “não sabe dizer”.
A grande maioria das pessoas que perceberam que a obra do rodoanel é “ruim/péssima” avaliam que não vai melhorar para Brumadinho por uma série de questões, sendo citados, principalmente: destruição do meio ambiente, desassossego, tráfico de drogas e confusão.
Veja abaixo o resultado qualitativo da pesquisa, o que as pessoas falaram sobre os prejuízos da obra para Brumadinho. A pergunta foi:
“Por que você acha que não vai melhorar para Brumadinho?”
“Vai trazer favelas para casa Branca, vai destruir boa parte da fauna e flora de casa Branca, e as únicas beneficiadas serão as mineradoras.”
“Vai tirar nosso sossego.”
“Além de destruir nossa natureza, irá trazer prejuízos financeiros para turismo de Casa Branca e deixará de ser uma comunidade onde frequentamos para sair do barulho das cidades grandes e ter contato com a natureza. Não haverá ganho para Brumadinho, somente para as mineradoras localizadas perto de Casa Branca, ou seja, aumentará poluição em grande escala.”
“Desordenação, desassossego.”
“Acabando com o sossego das pessoas.”
“Porque as administrações públicas municipais e a do governo não pensa na população da cidade. Eles enxergam Brumadinho é apenas como uma cidade que tem muito dinheiro para ser desviado para os cofres pessoais deles.”
“Isso não vai melhorar nada.”
“Minha opinião, em Brumadinho entre aspas, para nossa cidade nao vai ajudar em nada, a nao ser acabbar com a nossa serra.”
“vai servi para trazê toda sorte de tráfico e movimento sem segurança”
“aumentar o movimento em lugares hoje tranquilo”
“Para mim Destruição. Políticas Públicas, ambiental, social, e saúde. Imagina, mais destruição. Outras Tragédias como a da Vale.”
“Pq poderá causar grandes impactos ambientais na vegetação natural das serras e até perdas de nascentes, prejudicar abastecimento de água das comunidades locais, sem falar na falta de sossego da população que irá ter que dividir uma cidade mais sem estrutura do que a que já possuem atualmente, já que os mais de dez mil empregos que todas as mídias insistem em divulgar, são pessoas que precisarão residir dentro ou nas redondezas de Brumadinho, Ibirite, Piedade, Casa Branca, etc e nada é feito pelas prefeituras quando ao aumento populacional, trânsito mais caótico….”
“Se querem resolver o problema do transporte, deveriam começar por um transporte público de qualidade, investir também nas linhas férreas já existentes e sucateadas… No mais, penso que cortar o Sinclinal Moeda com um Rodoanel construído as pressas sem os devidos estudos e sem o menor critério é um crime contra a humanidade! Não quero Rodoanel, quero o nosso meio ambiente puro e nossas águas seguras!”
“Para CB péssimo, para Brumadinho terá impacto negativo. Casa Branca terá um impacto visual e sonoro muito grande, teremos a descaracterização paisagística e pode sofrer baixa no turismo.”
“Primeiramente o rodoanel não terá alça viária para acesso a brumadinho. Desta forma, não contribuirá em nada para com o desenvolvimento do municipio. Ainda, em sua fase de construção atrairá a prostituição e aumento na demanda das necessidades básicas como saude e educação. O rodoanel afetará diretamente bens históricos do munícipio, como o forte de brumadinho e calcamentos construídos pelos escravos. Trará grandes impactos ambientais e hídricos, principalmente com a abertura de tuneis no interior do aquifero cauê, que é responsável direto pelo abastecimento das grandes nascentes na costa oeste da serra da moeda, em brumadinho. Ainda, terá impacto direto no parque estadual do rola moça. Terá impactos diretos no bairro de Casa Branca.”
“Por vários motivos – destruição do meio ambiente, do Parque do Rola-Moça, do maior aquífero da região (Cauê), favelização (processo que ocorre no entorno de grandes rodovias/anéis, marginalização, desvalorização imobiliária, elevação do número acidentes de trânsito, além de outras consequências nefastas.”
“Vai destruir vegetação, o meio ambiente. Não acho que seria interesante para brumadinho.”
“Transito”
“Só sei que bom não vai ser”
“Com o progresso vem a bandidagem e acaba com o sossego daquela região.”
“Com 37,67 bilhões o estado entregou o parque do rola moça, APASUL, centro histórico de Piedade do Paraopeba, córrego feijão, parque da cachoeira. Ou seja toda vertente da Serra da Moeda para mineração. As ações Maquiavélicas estão funcionando. A população se cala com o auxílio emergencial e a boiada vai passando com acordo abscuros junto ao poder público brasileiro. O governador Zema já está fazendo o uso político do dinheiro. Anunciou um consórcio governo do estado, prefeitura de BH e contagem para realização de obras utilizando o dinheiro do acordo sujo. Enquanto isso a população de Brumadinho sofre as consequências. Infelizmente o poder público de Brumadinho é muito incompetente. Penso que deveriam ter acionado os tribunais internacionais contra esses crimes chancelados pelo estado…”
“O rodoanel é uma forma de apagar a memória do desastre. A implantação de tal estrutura forçará a saída das pessoas. Mudam se as pessoas, muda se a paisagem e o lugar deixa de ter memória e afeto para ficar mais uma beira de estrada.”
“Um impacto ambiental e social terrível. Vai acabar com o turismo. Vai impactar o meio ambiente desequilibrando fauna, flora, nascentes de água. Um impacto social de grandes proporções trazendo 10.000 empregados da construção civil para a região.”
“Pelo q estou ouvindo e vendo se melhorar alguma coisa ñ vai ser pra nós. Penso que o rodoanel só vai trazer benefícios para os magnatas”
“É relativo por onde esse rodoanel passaria…”
“Isso vai causar um grande impacto com a destruição do meio ambiente. Isso vai ser muito ruim para Brumadinho, pois vai causar um grande transtorno para os moradores dessas localidades.”
“Acho a cidade ficará muito exposta, tenho medo de aumentar a criminalidade pela melhoria no acesso.”