Povo Sem Terra despejado da mãe terra e jogado em caminhão de gado, em Vazante, no noroeste de MG: Injustiça agrária!
Recebemos relatos das lideranças locais que nesta quinta-feira, dia 12/04/2018, foi realizada mais uma ação covarde e injusta do Estado de Minas Gerais: cerca de 40 policiais militares, sob o comando do Tenente Magalhães, chegaram num ônibus escolar cedido pela prefeitura de Vazante, acompanhados pelo Oficial de Justiça, conhecido como Mursi, e pelo latifundiário Jader Robinho e seus seguranças e realizaram o despejo do Acampamento José Beraldo na fazenda Veredinha. Segundo as lideranças do local, a fazenda é devoluta. Viviam 64 famílias (cerca de 300 pessoas) sem-terra organizadas no MTCST/FNL.
O despejo iniciou-se por volta das 11h00 no dia 12 e terminou às 19h00. As famílias reagiram pacificamente e mesmo assim a PM agiu de forma violenta junto com os empregados da Fazenda Veredinha que destruíram todos os barracos e devastaram com tratores da fazenda cerca de cinco toneladas de alimentos que seriam colhidos (feijão, milho, hortaliças, etc.). Destruíram também as caixas d’água. O transporte das famílias – muitas crianças e idosos -, foi realizado em caminhão de carregar gado – “povo marcado…”. Cerca de 200 galinhas morreram durante o transporte.
Repudiamos esta ação violenta do Estado (TJMG + Governo de MG) que pisoteou na dignidade humana ao desintegrar os sonhos de uma vida melhor que as famílias estavam cultivando. Cadê o braço social do Estado? Exigimos que a PM do Estado de Minas Gerais pare de imediato com essa situação arbitrária e desumana, que é fazer reintegração de posse de propriedades que não cumprem sua função social, sem alternativa digna prévia para as famílias que são despejadas. Cadê o prefeito de Vazante e o poder público municipal para apresentar alternativa para as famílias despejadas.
Até quando o Estado (Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo) estarão a serviço do capital pisoteando na dignidade humana e rasgando a Constituição de 1988?
Uma das maiores causas da injustiça social no Brasil é a concentração fundiária e a falta de reforma agrária popular.
As fotos, abaixo, revelam a injustiça gritante realizada: 1) ônibus escolar da Prefeitura de Vazante usado para transportar os policiais; 2) Fazendeiro ofereceu café farto para os policiais, enquanto trabalhadores da fazenda, sob ordens do oficial de justiça, com tratores destruíam os barracos, as plantações e devastavam o galinheiro; 3) Povo despejado da mãe terra e jogado em caminhão de gado; 4) Toda reintegração de posse é uma desintegração de sonhos.
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Comissão Pastoral da Terra (CPT/Norte de MG).
Montes Claros, MG, 12 de abril de 2018.