Quilombo Campo Grande (MST) em Campo do Meio, sul de MG: Terra pra quem nela trabalha. Despejo, não. 1ª Parte. 07/11/2018.
Cerca de 500 famílias do Quilombo Campo Grande, constituído de 11 Acampamentos do MST, em Campo do Meio, sul do estado de Minas Gerais, há 20 anos ocupando, trabalhando e produzindo a terra, estão sob ameaça de despejo iminente, depois de decisão judicial favorável à reintegração de posse, em audiência realizada no Fórum de Campos Gerais, MG, no dia 07/12/2018. Um desfecho inaceitável para um dos conflitos agrários mais antigos do país. As 500 famílias dos 11 Acampamentos tiveram do atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, a promessa de tornar o Quilombo um assentamento, mas foram surpreendidas por essa nova ameaça de despejo. O Governador Pimentel assinou decreto desapropriando por interesse social os 3.900 hectares do latifúndio da ex-usina Ariadnópolis visando assentar as 500 famílias que há 20 anos ocupam o mega latifúndio da Ariadnópolis, mas o poder judiciário impugnou o decreto e, pior, levantou Liminar de Reintegração de posse, uma injustiça que clama aos céus. As 500 famílias do Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul de MG, já contam com infraestrutura de energia elétrica, casas de alvenaria e produzem uma grande diversidade de produção agroecológica, como café, muitas variedades de milho, feijão, hortaliças, frutas, sementes orgânicas, gado, galinhas, porcos, além de remédios naturais, produzidos com plantas medicinais por eles/elas cultivadas. A safra anual do café Guaií, cuja marca é conhecida em todo o Brasil e também no exterior, chegou a 510 toneladas por ano. Essas 500 famílias geram, com seu trabalho, soberania alimentar, não apenas para quem produz e vive na terra, mas também para milhares de pessoas do município de Campo do Meio e da região, que passaram a ter acesso a um alimento saudável, sem veneno e de qualidade. Os 11 acampamentos também geram distribuição de renda. A terra traz dignidade para cerca de 500 famílias, mais de 2.000 pessoas. É injusta, imoral, extremamente desumana e inaceitável essa decisão judicial que ignora toda uma história de luta pela terra, de resistência, de trabalho, de construção de cidadania e dignidade para atender interesses de grandes fazendeiros, políticos e empresas do agronegócio da região. As 500 famílias vivem na área da falida usina Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que encerrou suas atividades em 1996, embora ainda possua dívidas trabalhistas que ultrapassam R$ 300 milhões de reais. Nesse vídeo, a primeira parte de registro feito com depoimentos de Sem Terra e apoiadores em mobilização à porta do Fórum da Comarca de Campos Gerais, onde foi realizada a audiência em que foi confirmada a ação de reintegração de posse, no dia 07 de novembro de 2018.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Campos Gerais, 07/11/2018.
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