Trinta indígenas da aldeia Pirajuí, de Paranhos, MS, são encontrados em situação de trabalho escravo no interior de MG
Fonte: Jornal Estado de Minas Gerais, 23/11/23.
Indígenas da aldeia Pirajuí foram contratados para trabalhar na colheita de laranjas, em fazenda de Planura, no Triângulo Mineiro e são submetidos a condição de trabalho escravo
Trinta indígenas da aldeia Pirajuí, que fica em Paranhos (MS), foram localizados em uma residência em condições precárias na noite desta quarta-feira (22/11/23), em Planura, no Triângulo Mineiro.
Eles haviam sido contratados por um homem, supostamente funcionário da empresa, para colheita de laranjas em uma fazenda de Planura. Eles, que falam a língua guarani e teriam assinado contratos sem ler, já que não são alfabetizados, trabalhavam no local há quase um mês. A aldeia Pirajuí fica a 1015 km de distância de Planura.
Um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar (PM) com a descrição: trabalhadores em situação precária de moradia.
Na residência, com apenas dois banheiros, não tinha fogão, geladeira, televisão, e vários homens dormiam em colchões no chão.
Segundo relato de um dos trabalhadores aos policiais militares, não havia nada para comer na parte da tarde.
Os trabalhadores disseram que teria sido prometido a eles um ambiente agradável e digno de moradia. No momento da chegada da PM, os índios estavam sem papel higiênico nos banheiros. Além disso, os utensílios de limpeza e higiene teriam que ser comprados por eles.
Um cartão alimentação, no valor de R$ 500, teria sido prometido aos indígenas, o que não foi feito. Os trabalhadores também relataram não saber ao certo qual seria o valor que receberiam por dia e nem, qual seria o salário mensal.
Os trabalhadores também denunciaram que os valores dos equipamentos de segurança obrigatórios teriam sido descontados na folha de pagamento de cada um.
Um dos indígenas disse que, em 15 dias, recebeu R$ 300.
Forte odor e equipamentos de trabalho no chão
Ainda conforme a PM de Planura, os policiais sentiram um forte odor no interior da residência, devido à falta de limpeza diária no local.
O caso foi entregue ao delegado de plantão da Polícia Civil e também ao Ministério do Trabalho.
Relato de um dos responsáveis pela contratação dos indígenas
Um dos responsáveis pela contratação dos indígenas relatou que a norma da empresa é não colocar fogão e geladeira nos alojamentos. Ainda conforme a PM, ele foi advertido e orientado sobre as irregularidades encontradas. O homem disse também que ajudou a buscar os trabalhadores com uma Van, fazendo três viagens de Paranhos até Planura.