NOTA DE REPÚDIO: UM PROJETO TEMPORÁRIO da Mineradora CBA NÃO PODE ESMAGAR UM PROJETO CENTENÁRIO COM VALORES DO BEM VIVER na Zona da Mata de MG
Manifestamos nossa indignação diante da tentativa da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) de garantir seu projeto de exploração e expansão de minério (bauxita) no Território da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata mineira.
Desde 2003, a CBA tenta cotidianamente convencer a população, sobre as supostas vantagens desse projeto que na verdade atende unicamente aos interesses da empresa de aumentar seus lucros. A CBA detém a concessão mineral pela Agência Nacional de Mineração-ANM e busca obter as licenças ambientais para avançar sobre o Território da Serra do Brigadeiro.
Existe uma luta coletiva, com vitórias significativas, uma delas é a Lei de criação do Polo Agroecológico e de Produção Orgânica da Zona da Mata-reconhecimento por parte do Estado de Minas Gerais de que a região tem características geomorfológicas, hídricas, culturais, sociais e de relações de produção agrícola diferenciadas e, por isso, precisa de investimentos que garantam a preservação dessas características.
O conflito é entre um projeto temporário que vem de fora, de interesse privado, representado pela mineração predatória da CBA e o projeto centenário, originário e agroecológico no Território da Serra do Brigadeiro, representado pelas comunidades camponesas.
Hoje, 07 de outubro de 2021 será realizada virtualmente a Audiência Pública referente ao Processo 3184/2019/001/2019 registrado no Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) sobre a produção de bauxita nos municípios de Miraí, Muriaé, Rosário da Limeira e São Sebastião da Vargem Alegre, na zona da mata de MG, envolvendo mais de quatorze (14) comunidades.
Em sintonia com a luta organizada na região e em respeito aos Povos e comunidades direta e indiretamente atingidas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) manifesta sua indignação quanto ao formato adotado para realização da audiência pública, pois impossibilitará a efetiva participação das comunidades. Isso demonstra e denuncia o processo de exclusão e valorização da participação popular. Uma audiência neste formato beneficia quem? E prejudica quem?
Repudiamos a realização dessa audiência pública e a falta de sensibilidade e de conhecimento da realidade da população atingida, por parte da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e dos órgãos públicos do estado de Minas Gerais que convocaram e participam da audiência, o que para nós é sinal de que há grandes interesses políticos e econômicos sobrepondo sobre a participação e a escuta de grande parte da população das comunidades.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), no cumprimento de sua missão e profecia e na defesa do protagonismo das comunidades, se solidariza com todas as pessoas e organizações da sociedade civil que lutam e resistem na Serra do Brigadeiro e reforça seu compromisso na defesa dessa reserva natural da Mata Atlântica, dos povos e comunidades tradicionais que nela vivem.
“QUEM FICA LONGE DO POVO FICA CONTRA O POVO!”
Muriaé, Zona da Mata de MG, 07 de outubro de 2021
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Comissão Pastoral da Terra-CPT/MG
Veja as fotografias abaixo. Elas mostram a brutal devastação que mineração causa.